Como evitar impacto do estresse da pandemia na pele e nos cabelos?


Dermatologista destaca consequências das mudanças na rotina e isolamento social, mas alerta que alguns alimentos ajudam a amenizar os problemas

Isolamento social, excesso de informações, mudança de rotina e medo. Essas são só algumas das consequências provocadas pela pandemia do novo coronavírus. Com tantas mudanças em um curto espaço de tempo, é natural que os níveis de estresse se elevem, afetando de forma direta nosso organismo e sistema imunológico. Mas de acordo com a dermatologista Juliana Araújo, para ajudar pele e cabelo nessa quarentena podemos ingerir alimentos de quadro grupos: frutas vermelhas, oleaginosas, proteicos e cereais integrais.

Veja a lista e dicas da dermatologista para ajudar pele e cabelo com os quatro principais grupos de alimentos:

1 - Frutas vermelhas
Blueberry, cranberry, goji berry, açaí, framboesa, amora, morango, cereja, além da jabuticaba (pela quantidade de antioxidantes ). A vitamina C participa da produção do colágeno, diminuindo rugas e linhas de expressão, garantindo uma pele mais firme e mais resistente aos efeitos nocivos do sol e da poluição. Os alimentos podem ser consumidos como sucos, vitaminas, misturadas no iogurte. "Inclua ao menos uma porção diária dessas frutinhas na dieta", destaca a dermatologista.

2 - Oleaginosas
As castanhas, amêndoas, nozes, pistache, macadâmia, avelã são ricas em ômega 3, selênio e vitamina E. Alimentos importantes que ajudam na proteção contra o envelhecimento prematuro e melhoram o aspecto geral da pele. O selênio pode contribuir para uma pele mais viçosa. O ômega 3 atenua processos inflamatórios. A vitamina E acelera a cura de lesões na pele e ajuda na formação do colágeno.

3 - Alimentos proteicos
O colágeno (textura, elasticidade e sustentação da pele) é produzido cada vez menos a partir dos 30 anos. É importante estimular sua síntese, e a alimentação (peixes, ovos, queijos, iogurtes, leguminosas, cereais como a quinoa, carnes brancas e vermelhas) pode ajudar. Seriam combustíveis para o corpo fabricar mais colágeno e também a queratina, uma proteína que compõe a estrutura dos cabelos.

Lisina: (Gema de ovo, frango e soja) aminoácido que fortalece a imunidade e ajuda na construção da massa muscular.

4 - Cereais integrais
Reservas de fibras, vitaminas e minerais, principalmente zinco, selênio e magnésio. O zinco é um antioxidante que atua na síntese do colágeno e da queratina –há pesquisas relacionando sua capacidade de reduzir a produção de oleosidade na pele e inflamações. Muito encontrado na aveia, arroz integral, centeio, cevada, quinoa e amaranto. As fibras (cereais integrais ) também ajudam o intestino.

Doenças de pele ocasionadas e potencializadas por estresse
"O estresse é uma reação a uma situação diferente que exige adaptação. Isso resulta na modificação do funcionamento 'normal' do nosso corpo. E, claro, cada um reage à sua maneira", explica a especialista ao destacar que são muitas as doenças de pele que podem ser potencializadas durante esse momento de tensão envolvendo o novo coronavírus. "Podemos destacar dermatite atópica, psoríase, a própria acne e até queda de cabelo", enfatiza.

Veja lista com alguns problemas de pele que podem ser potencializados em razão do estresse:


Dermatite atópica: é uma doença genética, crônica e que apresenta pele seca, erupções que coçam e crostas.

Psoríase: doença cutânea com um componente hereditário, caracterizada pela erupção de placas eritematosas cobertas de escamas esbranquiçadas, mais frequente nos membros e no couro cabeludo.

Acne: é uma doença de pele que ocorre quando as glândulas secretoras de óleo (glândulas sebáceas) tornam-se inflamadas ou infectadas, provocando cravos, espinhas, cistos, caroços e cicatrizes.

Rosácea: é uma doença inflamatória crônica da pele. A afecção se manifesta principalmente no centro da face, mas pode expandir-se pelas bochechas, nariz, testa e queixo e afeta mais os adultos entre 30 e 50 anos.

Hiperidrose: (suar em excesso): pessoas com hiperidrose parecem ter glândulas sudoríparas superativas. Quando o suor em excesso afeta as mãos, pés e axilas, é chamado de hiperidrose primária ou focal. A hiperidrose primária afeta de 2% a 3% da população.

Vitiligo: é uma doença caracterizada pela perda da coloração da pele. As lesões formam-se devido à diminuição ou à ausência de melanócitos (células responsáveis pela formação da melanina, pigmento que dá cor à pele) nos locais afetados.

Queratose: é um crescimento anormal das células produtoras de queratina, os queratinócitos, encontradas na pele e nas mucosas, muito comuns em todo o mundo. São crostas pequenas, ásperas, com coloração anormal, indolores e geralmente não coçam e só são problema estético.

Herpes: é uma doença causada pelo Vírus Varicela-Zóster (VVZ), o mesmo que causa também a Catapora. Esse vírus permanece em latência durante toda a vida da pessoa. A reativação ocorre na idade adulta ou em pessoas com comprometimento imunológico. Na maior parte dos casos, antecedem às lesões cutâneas (na pele) sintomas como febre e dor de cabeça. A lesão quase sempre vem acompanhada de coceiras.

Queda de cabelo: o estresse pode causar queda de cabelo, cientificamente chamada alopécia androgenética ou areata, porque ele inibe o desenvolvimento e aumenta a inflamação, comprometendo a circulação sanguínea dificultando a permanência dos fios no couro cabeludo.

Dermatite seborreica: é uma inflamação na pele que causa principalmente descamação e vermelhidão em algumas áreas da face, como sobrancelhas e cantos do nariz, couro cabeludo e orelhas. É uma doença de caráter crônico, com períodos de melhora e piora dos sintomas.

Urticária: é uma lesão de pele, cuja principal característica é a formação de urticas ou pápulas (elevações circulares, salientes e bem demarcadas), circundadas por vergões vermelhos (eritema) e inchaço (edema).

Sentindo na pele

A farmacêutica Wanessa Vasconcelos , de 36 anos, sente literalmente na pele os impactos do estresse provocado pelos dias de isolamento social. Com vitiligo e queratose, ela viu um dos problemas piorar nos últimos dias. "Eu era uma criança bem nervosa e isso não ajudava no tratamento do vitiligo. Hoje, graças a Deus, a situação está estabilizada. Diferente da queratose. Parece uma reação alérgica que começou nas laterais das minhas pernas, mas está aumentando. Quanto mais estressada, pior está ficando a situação. Está passando para os braços também", comenta.

Para Wanessa, o impacto emocional provocado pelo novo coronavírus tem contribuído para o avanço do problema de pele. "Toda essa situação de incerteza me abala muito. Desde que tudo isso se intensificou, principalmente com a chegada dos primeiros casos no Brasil e em Goiás, fiquei mesmo muito abalada. Em relação à vermelhidão provocada pela queratose, estou precisando controlar fazendo uso de medicamentos", completa.

Segundo a dermatologista Juliana Araújo, a observação feita por Wanessa faz mesmo sentido, já que, segundo a especialista, as pessoas acabam mais debilitadas com tantas demandas diárias e tornam-se mais vulneráveis ao estresse. "As informações [sobre a pandemia] vão chegando de forma ininterrupta, com dados muitas vezes conflitantes. Isso pode ser outra forma de se estressar. Cada um tem sua capacidade de reagir. Em calamidades, com o isolamento, por exemplo, podemos potencializar de forma ainda mais negativa a realidade daquela pessoa", explica.

"Não podemos esquecer que a cada fase da vida vamos lidar de forma distinta com fatores que elevam o estresse. Devemos redobrar o cuidado e evitar situações que, em cada um, irão ampliar o estresse e, consequentemente, outros problemas de saúde. Pode não parecer tarefa fácil, mas precisamos redobrar os cuidados e nos manter calmos, na medida do possível", conclui a dermatologista ao destacar que uma alimentação equilibrada se torna uma aliada no fortalecimento do organismo. "Ajuda a manter o corpo mais forte para combater esses problemas que podem vir a aparecer", finaliza
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